terça-feira, 8 de agosto de 2023

Entrega Legal ou Voluntária

O artigo 19-A do Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece como direito a possibilidade de gestantes ou puérperas (mulheres no período pós-parto), de entregarem voluntariamente com o amparo da Lei, seu bebê para adoção. Tal procedimento, que como dito está amparado por Lei em nada se confunde com o abandono de bebês, que se trada de uma conduta criminosa que consiste em desamparar ou expor recém-nascido, para ocultar desora própria, de acordo com o que está tipificado no artigo 134 do Código Penal Brasileiro, com pena prevista de seis meses a dois anos de detenção, podendo chegar até a três anos de prisão se o fato resultar em lesão corporal de natureza grave, e até seis anos se resultar a morte do bebê.

Portanto o direito à entrega voluntária deve ser exercido sem qualquer tipo de constrangimento, e encarado como um ato que visa proteger a vida do bebê, que será encaminhado para adoção junto ao Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento. Todos os procedimentos devem ser realizados de forma sigilosa, visando a proteção da mãe e da criança. Para tanto, a gestante ou a mãe que optar pela entrega voluntária, deve procurar auxílio junto à postos de saúde, hospitais, conselhos tutelares, ou outros órgãos que visem a proteção da mulher ou a proteção da infância. O caso será encaminhado para a Vara da Infância e da Juventude, que deverá proporcionar à mulher todo o amparo social, jurídico e psicológico, gratuitamente.

Normalmente o direito à entrega voluntária é exercido por mulheres vítimas de violência sexual, da qual resulta a gravidez, mas também pode ser exercido por outros motivos, como por exemplo, decorrente de um sentimento de incapacidade de se exercer o poder familiar (que está relacionado ao dever dos pais em sustentar, proteger e educar os filhos menores de 18 anos).

Recentemente tornou-se célebre o caso de uma jovem atriz, vítima de estupro, que decidiu entregar o bebê concebido para adoção. Ela foi vítima de indescritível violência física e psíquica, mas, apesar de tudo isso, optou por preservar a vida da criança inocente, dando-lhe a chance de ser amada, educada e crescer sob o amparo de uma família adotiva. Penso ser importante destacar que as circunstâncias da concepção não definem se uma pessoa é menos ou mais digna do que outra, se mereceria ou não viver.

A entrega voluntária é um direito importantíssimo que visa proteger a vida da criança, bem como visa proteger a mulher de severas implicações decorrentes da prática de um aborto, que embora possa estar descriminalizado quando a gravidez resultar de um estupro, não retira da mulher o pesadíssimo fardo causado pelas consequências físicas e psicológicas decorrentes da morte intencionalmente provocada dentro de seu ventre materno.

Lembremo-nos do que nos ensina a Igreja: “A vida humana deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta a partir do momento da concepção. Desde o primeiro momento de sua existência, o ser humano deve ver reconhecidos os seus direitos de pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo ser inocente à vida.” (Catecismo da Igreja Católica § 2270).

Assim como toda mulher jamais deveria sofrer qualquer tipo de violência, nenhuma vida deveria ser extirpada, ainda mais em seu estágio de maior vulnerabilidade, quando em seu desenvolvimento gestacional dentro do ventre materno.

Jeandré C. Castelon

Casado, pai de dois filhos, advogado e teólogo.


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quarta-feira, 30 de março de 2022

É preciso suportar contrariedades


Longanimidade é a virtude de quem suporta contrariedades em benefício próprio ou de outra pessoa, uma espécie de abnegação. Isso significa que certamente uma pessoa longânime terá de padecer aborrecimentos e manter-se calado. Não se trata de se submeter à injustas agressões sem procurar escapar delas, acredito que tenha mais a ver com não reagir de forma desproporcional, evitar o conflito, evitar a vingança.

 

Eu sei que é difícil sofrer injustiças e é muito mais difícil ter de calar-se quando se está com a razão. Mas é preciso, por mais que estejamos certos, é preciso calar-se. É melhor evitar discussões acaloradas, especialmente aquelas que se originam de forma quase que instantâneas no ordinário da vida, como em uma discussão iniciada após um desentendimento no trânsito.

 

Mesmo que estejamos fazendo a coisa certa, se isso pode de algum modo colocar sua integridade física ou a de outrem em risco é melhor mudar a direção. O outro pode sofrer algum tipo de desequilíbrio, pode estar armado, pode ser apenas um covarde, que de uma forma ou de outra, para sentir-se “honrado” irá utilizar-se de meios injustos para aplacar sua desordenada consciência. Seja por nós ou pelos outros o melhor é não brigar, é não xingar, é não se vingar, o melhor é procurar desvencilhar-se daquela situação, ainda que com um sentimento de desonra, e entregar tudo nas mãos de Deus. Deixar que Deus faça justiça. Rezar por si mesmo e rezar pelo outro também.

 

Todos somos passíveis de sofrer algum tipo de injustiça. O inocente geralmente paga um alto preço quando insiste em disputar contra um insensato, talvez até com a própria vida. É imprescindível procurar evitar situações de conflito, a violência nunca é a resposta. É preciso recuar, deixar de lado o orgulho ferido para se evitar um mal maior. Converter-se ao Evangelho é o melhor remédio para o orgulho ferido.

 

Precisamos ter paciência e lutarmos para bem suportar contrariedades, peçamos a Deus essa graça, sem nunca nos cansarmos de fazer o que é bom. Suportar contrariedades, a toda evidência, é um grande desafio para todos nós.


Jeandré C. Castelon

Casado, pai de dois filhos, membro da Pastoral Familiar, advogado, teólogo e professor.



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sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Viver em família o amor no dia a dia

  

Como estamos vivendo dentro de nossas famílias a prática e a vivencia do amor no dia a dia? 

 

Na construção de um lar é fundamental que Deus esteja presente, que Deus seja a “rocha”, que a base da família esteja sustentada sobre as benções de Deus, “porque não há riqueza neste mundo que possa substituir as bençãos de Deus”. 

 

Precisamos ter em conta que os filhos são sinais das bençãos do Senhor. Os filhos exigem responsabilidade, eles precisão de atenção e desejam a presença dos pais.

 

Os jovens precisam ter boas influências dentro de casa. É importante que o casal deixe transparecer toda a beleza que envolve o matrimônio.

 

Os idosos merecem especial atenção, não podem ser tratados como objetos descartáveis.

 

Cultivar pequenos gestos de carinho em família é muito importante, não só para os filhos, mas para todos os membros da família: desejar bom dia e boa noite, abraçarem-se, rezarem juntos antes de dormir, realizar uma pequena oração em família antes do almoço de domingo, pequenos gestos de carinho que fazem toda a diferença.

 

 Nunca nos esqueçamos que toda família é projeto de Deus. Iniciar uma família excluindo os valores do Reino de Deus é o mesmo que edificar uma casa sobre a areia, chegará um dia que ela desabará.

 

É fato também que as famílias precisam lidar com situações difíceis. Toda família em algum momento de sua história terá dificuldades a enfrentar. Não podemos fechar os olhos para os problemas, que com a graça de Deus, serão suportados e superados.

 

É preciso que lutemos para que a cada dia tenhamos uma convivência mais harmoniosa. Nós somos o que somos, mas isso não nos impede te tentarmos melhorar, cada um tem os seus defeitos, mas é importante darmos mais atenção para as qualidades que cada um possui.

 

Viver o amor em plenitude na família vai nos tornando pouco a pouco pessoas mais amáveis. Por vezes, para viver esse amor, nos é exigido renúncias, as vezes é preciso ceder em determinadas situações, é fundamental procurar evitar o orgulho e a arrogância.

 

Já imaginou que bonito, se dentro de casa, cada um tratasse o outro como gostaria de ser tradado, ou ainda melhor, se tratasse o outro da mesma forma como Jesus o trataria.

 

Jeandré C. Castelon

Advogado, bacharel em Teologia, membro da Pastoral Familiar

 

 

Fonte bibliográfica: HORA DA FAMÍLIA: celebrações para Semana Nacional da Família, Volume 25, ISSN 2317-2088, Brasília, DF: CEPVF/CNBB, 2021.


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sexta-feira, 14 de maio de 2021

Brasil: um país de desiguais


 O município de Cascavel-PR é conhecido pelas ofertas de empego que se sobressaem, isso se deve principalmente pelo grande número de cooperativas instaladas em nossa região, tanto é que há na cidade um expressivo número de trabalhadores estrangeiros – notadamente haitianos e venezuelanos –, assim como muitas pessoas do norte e nordeste do Brasil, que vêm em busca de melhor condição de vida.

 Frequentemente converso com esses trabalhadores, oriundos de outros países e também brasileiros. Habitualmente buscam orientações, não sabem como proceder em determinados casos. Desejam informação. A maioria tem a sua Carteira de Trabalho assinada pela primeira vez.

 Dentre tantos personagens, gostaria de dividir a história de um deles. Uma história real, como a de tantos outros brasileiros. A nossa protagonista será chamada pelo nome de “Maria” (sua verdadeira identidade está preservada).

 Maria chegou à Cascavel vinda do interior do Nordeste meses antes da pandemia do COVID-19, quando estava perto de completar 40 anos de vida. Veio para trabalhar no comércio da cidade. Carteia de Trabalho registrada, remuneração ligeiramente superior ao salário mínimo federal, férias de trinta dias após 12 meses de trabalho, décimo terceiro salário, fundo de garantia por tempo de serviço, pela primeira vez na vida laborou tendo assegurados os direitos mínimos garantidos a qualquer trabalhador formal.

 Na sua cidade natal os empregos surgem de forma sazonal, normalmente durante três ou quatro meses do ano, e o salário, sem qualquer espécie de benefício, fica em torno de R$ 600,00 por mês. Não “existe” direito trabalhista, a pobreza e as dificuldades são gigantes, o patrão, exceto em alguns casos, é somente um pouco menos pobre do que o trabalhador contratado.  

 Quando sua mãe ficou doente, e sob forte angustia e preocupação, não só pela grande distância que as separava, bem como pela inquietante epidemia que aflige todo o país, Maria prontamente vendeu os poucos móveis que conseguiu adquirir, colocou todos os seus bens restantes em bolsas e caixas de papelão, e dentro de um ônibus cruzou o Brasil retornando ao seu lar.

 Maria está muito feliz, a saúde da mãe é estável. Como sempre foi uma excelente trabalhadora, já está empregada. Sua Carteira de Trabalho não será anotada, não terá recolhido o fundo de garantia por tempo de serviço, o décimo terceiro salário, se o patrão puder pagar, ficará limitado a apenas uma pequena gratificação próxima do Natal, não se cogita a hipótese se férias remuneradas, terá um dia de folga a cada duas semanas (o bom é que será aos domingos), trabalhará das 08hs às 19hs, com intervalo de uma hora para almoço, nada receberá a título de horas extras, seu salário mensal é de R$ 800,00. Para os padrões locais, o empego é excelente! Imagine seu pai, sua mãe, seu filho, ou você trabalhando sujeito às mesmas condições.

 Hoje Maria já passou dos 40 anos, quando completar 62 anos, isso se a idade mínima para a aposentadoria da mulher não for ampliada, precisará ter contribuído para a Previdência Social por no mínimo 15 anos (os homens precisam ter no mínimo 20 anos de contribuição e 65 anos de idade), o que possivelmente não irá acontecer. Mesmo que tenha trabalhado desde a infância, o único período em que Maria “existiu” formalmente para o mercado de trabalho, foi durante o tempo em que esteve atuando no comércio de Cascavel. Será que a Maria algum dia conseguirá se aposentar?

 Essa é só mais uma das histórias que se passam em nosso dia a dia, como tantas outras igualmente penosas, sem que tomemos conhecimento. Quem sabe além de mim você também tenha se deparado em algum momento com a Maria, seja no local onde ela trabalhou ou quando caminhava pelas ruas de nossa cidade. 

Jeandré C. Castelon
Advogado, bacharel em Teologia, membro da Pastoral Familiar
 

Imagem: https://bityli.com/NsPtn


domingo, 14 de março de 2021

Quem é Jesus para os judeus?


Para os judeus, Jesus foi um grande homem, um grande mestre que pregou ensinamentos universais (muitos acreditam que ele foi um profeta, assim como João Batista).

 

Os judeus não acreditam que Jesus é o Messias (o ungido de Deus), o Salvador dos homens. Também não o reconhecem como “filho de Deus”, bem como não creem que Jesus é Deus (não reconhecem sua natureza divina), com o Pai e o Espírito Santo.

 

Os judeus não rejeitam os ensinamentos de Jesus sobre Deus.

 

É importante frisar que Jesus era judeu, nascido de mãe judia. Era chamado de "rabino" (mestre), ensinava nas Sinagogas e frequentou o Templo de Jerusalém.


Por outro lado, muitos judeus creram que Jesus é o Messias, e se converteram, e daí já não foram mais reconhecidos como judeus, mas sim como cristãos. Sem sombra de dúvidas, o maior exemplo é o de Paulo, que de maior perseguidor dos cristãos passou a ser o maior propagador do cristianismo.

 

Na Bíblia a palavra “cristão” aparece apenas 3 vezes:

 - Atos 11,26, quando pela primeira vez os membros da Igreja primitiva foram chamados “cristãos” em Antioquia.

 

- Atos 26, 28; e

 

- 1 Pedro 4, 16.




segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

O amor jamais acabará

 


O verdadeiro amor dura para sempre. Se alguém diz que o amor acabou é porque nunca amou de verdade, ou desafortunadamente o amor foi mal interpretado. Tanto em um como em outo caso o desfecho acaba sendo o divórcio, remédio que é tomado muitas vezes por casais que se perderam durante a jornada.

 

É importante unir-se em matrimônio com a pessoa certa, fruto de uma decisão madura que envolve uma boa preparação pré-matrimonial oferecida pela Igreja. Neste mister destaca-se a Pastoral Familiar, que dentre outras atribuições, acompanha os casais oferecendo “catequese matrimonial” para aqueles que podem e buscam receber o Sacramento do Matrimônio.

 

Acredito que muitas uniões estão fadadas ao fracasso por estarem submersas no oceano profundo das fragilidades humanas, mas principalmente acredito que a maioria absoluta das separações podem e devem ser evitadas.

 

A Bíblia celebra o amor e fala de família de seu início ao fim. Relata também muitos episódios onde o ser humano se afasta do projeto de Deus, comete erros, mas nunca fica sozinho, nunca é abandonado, ainda que cego envolto em neblina, Deus está presente.

 

 A célebre frase ressoada em celebrações de casamento, retirada do Livro do Gênesis (2,24), onde diz: “Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne.”, repete-se pelo menos em mais 4 outros livros do Novo Testamento, com pequenas variações, mas sem perder o seu espírito, citada por Mateus, Marcos e Paulo (Mateus 19,5; Marcos 10,7-8, Efésios 5,31; I Coríntios 6,16). Desta forma a Sagrada Escritura deixa evidente a vocação preponderante e irrevogável conferida por Deus à criatura humana: o casamento.

 

O Eclesiastes (9,9) destaca a importância dos casais em disfrutar das alegrias da vida ao lado da pessoa amada: “Desfruta da vida com a mulher que amas, durante todos os dias da fugitiva e vã existência que Deus te concede debaixo do sol. Esta é tua parte na vida, o prêmio do labor a que te entregas debaixo do sol.”

 

Recordo-me ainda do que disse Jesus aos fariseus que buscavam pô-lo à prova, e perguntaram-lhe se era permitido a um homem rejeitar a sua mulher por um motivo qualquer, e Jesus responde: “...não separe o homem o que Deus uniu”

 

Acredito sinceramente que a maioria absoluta das separações podem e devem ser evitadas. É preciso dialogar, respeitar diferenças, desejar estar junto, ter objetivos em comum, ser um para o outro verdadeiro porto-seguro, farol que ilumina durante a tempestade, ser realmente uma só carne, ser casal, ser marido e mulher. Não é nada extraordinário, basta viver com retidão a vocação escolhida, é mais fácil do que se imagina. E não se esqueça: “O amor é paciente, o amor é bondoso. Não tem inveja. O amor não é orgulhoso. Não é arrogante. Nem escandaloso. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acabará (I Cor 13, 4-8).

 

Jeandré C. Castelon

Advogado e teólogo, membro da Pastoral Familiar.


Imagem: https://simplesmentecristao.files.wordpress.com/2014/10/casal-no-campo-i.jpg
 - Acesso em 07.12.20


terça-feira, 29 de setembro de 2020

Semana Nacional da Vida: é preciso combater a indiferença e promover a “cultura da vida”


Todos os anos a Igreja celebra na primeira semana de outubro a Semana Nacional da Vida (1º a 7 de outubro) e o dia do Nascituro (08 de outubro). Em 2020 o tema proposto para reflexão é o mesmo abordado pela Campanha da Fraternidade deste mesmo ano: “Vida: dom e compromisso”. Destaca-se a figura do Bom Samaritano, que se deparou com um homem que havia caído nas mãos de assaltantes e deixado quase morto, sentiu compaixão e cuidou dele; bem como destaca-se o exemplo de Santa Dulce dos Pobres, o “anjo bom da Bahia”, que dedicou sua vida ao cuidado dos doentes e dos menos favorecidos.

 

A Semana Nacional da Vida nos convida a refletir sobre vários temas ligados à existência humana, desde o seu surgimento dentro do ventre materno, verdadeiro santuário da vida, até o seu fim natural, percorrendo o caminho da juventude, direcionando um olhar todo especial para as pessoas idosas,  para os doentes e para os profissionais da área da saúde que dedicam sua própria vida em prol de outras vidas.

 

Tanto o Bom Samaritano quanto Santa Dulce dos Pobres rompem a barreira da indiferença, que faz tanto mal para humanidade. Quando somos indiferentes não nos importamos com a dor do outro, vamos nos desumanizando.

 

Se não enxergamos o próximo ele não tem valor para nós. “Foi o tempo que tu perdeste com a tua rosa que a fez tão importante”. É preciso gastar tempo com as pessoas, dar-lhes a devida importância. Foi isso que Jesus fez!

 

A indiferença é perigosíssima. Nega a vida presente no ventre materno. Descarta a pessoa idosa ou debilitada. Abandona os que sofrem à sua própria sorte. É causadora da miséria. Nada sentimos quando alguém morre por falta da cuidados médicos, por falta de comida. A indiferença leva à morte.

 

No mundo grego, os que nasciam com alguma deficiência física na cidade de Esparta, por exemplo, eram eliminados.

 

Antes do Cristianismo no Império Romano se divulgava a teoria utilitarista da vida. Um ditado romano antigo resume essa mentalidade: mors tua vita mea. – A tua morte é condição para a minha vida. Vidas poderiam ser descartadas de acordo com os interesses dos poderosos.

 

Inspiradas por Jesus Cristo e no ministério assumido pelos apóstolos, nascem as comunidades cristãs, lugares de acolhida e de proteção da vida. A partir de então são semeadas as primeiras sementes que florescerão e darão origem aos primeiros hospitais, orfanatos, leprosários, escolas, e ao amor ao trabalho. A vida é valorizada sem deixar de lado os mais frágeis.


Neste contexto de valorização da vida, São João Paulo II nos ensina que:

  

"Este horizonte de luzes e sombras deve tornar-nos, a todos, plenamente conscientes de que nos encontramos perante um combate gigantesco e dramático entre o mal e o bem, a morte e a vida, a ‘cultura da morte’ e a ‘cultura da vida’. Encontramo-nos não só ‘diante’, mas necessariamente ‘no meio’ de tal conflito: todos estamos implicados e tomamos parte nele, com a responsabilidade iniludível de decidir incondicionalmente a favor da vida” (Evangelium Vitae § 28).


Sem sombra de dúvidas, o cristianismo é o maior promotor da “cultura da vida” e por isso é importante que lutemos para nos tornarmos a cada dia melhores cristãos.


Jeandré C. Castelon

Advogado, teólogo e membro da Pastoral Familiar.


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domingo, 27 de setembro de 2020

Versículos da Bíblia para casais apaixonados

 A Bíblia celebra o amor e fala de família de seu início ao fim, até mesmo relata episódios onde o ser humano se afasta do projeto de Deus.

Mas, desejo dar destaque à alegria de vida de um casal. Por isso é importante unir-se em matrimônio com a pessoa certa, fruto de uma decisão madura que envolve uma boa preparação pré-matrimonial oferecida pela Igreja.


Vejamos o que a Bíblia diz para os casais apaixonados:

 

Genesis 2, 24

Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne.

Texto citado em Mateus 19,5; Marcos 10,7-8, Efésios 5,31; I Coríntios 6,16.

 

Eclesiastes 9,9

Desfruta da vida com a mulher que amas, durante todos os dias da fugitiva e vã existência que Deus te concede debaixo do sol. Esta é tua parte na vida, o prêmio do labor a que te entregas debaixo do sol.

 

Cântico dos Cânticos 7, 7-14

- Como és bela e graciosa, ó meu amor, ó minhas delícias!

Teu porte assemelha-se ao da palmeira, de que teus dois seios são os cachos. Vou subir à palmeira, disse eu comigo mesmo, e colherei os seus frutos.

Sejam-me os teus seios como cachos da vinha. E o perfume de tua boca como o odor das maçãs; teus beijos são como um vinho delicioso que corre para o bem-amado, umedecendo-lhe os lábios na hora do sono.


Eu sou para o meu amado o objeto de seus desejos. Vem, meu bem-amado, saiamos ao campo, passemos a noite nos pomares; pela manhã iremos às vinhas, para ver se a vinha lançou rebentos, se as suas flores se abrem, se as romãzeiras estão em flor. Ali te darei as minhas carícias.

As mandrágoras exalam o seu perfume; temos à nossa porta frutos excelentes, novos e velhos que guardei para ti, meu bem-amado.

 

I Coríntios 7, 14a e 11, 11-12

Porque o marido que não tem a fé é santificado por sua mulher; assim como a mulher que não tem a fé é santificada pelo marido que recebeu a fé. 


Com tudo isso, aos olhos do Senhor, nem o homem existe sem a mulher, nem a mulher sem o homem. Pois a mulher foi tirada do homem, porém o homem nasce da mulher, e ambos vêm de Deus.

 


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segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Mês da Bíblia 2020 - Setembro mês da Bíblia

 

A Bíblia aparece cheia de famílias, gerações, histórias de amor e de crises familiares, desde as primeiras páginas onde entra em cena a família de Adão e Eva, como seu peso de violência, mas também com a força da vida que continua (cf. Gn 4), até às últimas páginas onde aparecem as núpcias da Esposa e do Cordeiro (cf. Ap21, 2.9)”... é assim que o Papa Francisco inicia o Capítulo Primeiro, que é todo dedicado às Sagradas Escrituras, da Exortação Apostólica Amoris Laetitia, sobre a “Alegria do Amor”.

 

Setembro é o mês em que a Igreja celebra a Palavra de Deus: é o mês da Bíblia. E em 2020 o livro especialmente escolhido para estudo é o livro do Deuteronômio, com o lema “Abre tua mão para teu irmão” (Dt 15,11).

 

Segundo o Frei e ilustríssimo teólogo Carlos Mesters as passagens constantes no Livro do Deuteronômio são citadas 200 vezes no Novo Testamento, é, a toda evidência, o livro veterotestamentário mais mencionado na Bíblia pelos hagiógrafos neotestamentários.

 

De fato, há passagem bíblicas mais edificantes que outras, há textos que são mais prazerosos de serem lidos do que outros, de todos os modos relacionar-se com a Palavra de Deus é fundamental para o cristão.

 

A Bíblia relata os acontecimentos que vão desde o surgimento da humanidade (de forma catequética),  percorre o caminho dos patriarcas (Abraão, Isaac e Jacó), passa pelo período das tribos, dos juízes, pelos reinados de Saul, Davi e Salomão, pela divisão do reino (Reino do Norte: Israel – Reino do Sul: Judá), pelas deportações, primeiro do Reino do Norte para a Assíria e depois do Reino do Sul para a Babilônia; conta-nos ainda sobre o retorno do povo à terra prometida, sobre a  reconstrução do Templo e dos muros da cidade de Jerusalém, bem como fala da vida e glória de Jesus Cristo, e do desenvolvimento das primeiras comunidades cristãs. Os livros sapienciais são importantes para a reflexão e o fortalecimento da fé (Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Sabedoria e Eclesiástico).

 

Concluo trazendo a lume um pequeno trecho inspirador contido no parágrafo 25 da Constituição Dogmática Dei Verbum, que trata da Revelação Divina, onde diz: ... Debrucem-se, pois, gostosamente sobre o texto sagrado, quer através da sagrada Liturgia, rica de palavras divinas, quer pela leitura espiritual, quer por outros meios que se vão espalhando tão louvavelmente por toda a parte, com a aprovação e estímulo dos pastores da Igreja. Lembrem-se, porém, que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada de oração para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem; porque “a Ele falamos, quando rezamos, a Ele ouvimos, quando lemos os divinos oráculos” (Santo Agostinho).


Jeandré C. Castelon

Advogado, teólogo e membro da Pastoral Familiar.

 

 


 

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Lições sobre a eleição de Matias


(que ocupou o lugar que era de Judas Iscariotes dentro do grupo dos 12 Apóstolos)


Texto Bíblico: Atos do Apóstolos 1, 21-26

Convém que destes homens que têm estado em nossa companhia todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu entre nós, a começar do batismo de João até o dia em que do nosso meio foi arrebatado, um deles se torne conosco testemunha de sua Ressurreição. Propuseram dois: José, chamado Barsabás, que tinha por sobrenome Justo, e Matias.

E oraram nestes termos: Ó Senhor, que conheces os corações de todos, mostra-nos qual destes dois escolheste para tomar neste ministério e apostolado o lugar de Judas que se transviou, para ir para o seu próprio lugar.

Deitaram sorte e caiu a sorte em Matias, que foi incorporado aos onze apóstolos.

 

 Lições:

A assembleia escolheu dois dentre outros bons homens (sob a luz do Espírito Santo), e depois oraram a Deus pedindo auxílio para tomarem a melhor decisão. A escolha definitiva veio pela sorte (acredito que a “sorte” foi lançada porque qualquer um dos dois desempenharia um excelente trabalho – e mesmo que José “o Justo” não tenha sido o escolhido, creio que ele não abandonou sua missão junto à Igreja, pelo contrário, continuou ao serviço do Reino de Deus).

 

Nem sempre seremos escolhidos para os cargos de maior prestígio, mais isso não nos impede de realizar as obras de Deus, de sermos justos, de sermos bons cristãos. Deus te abençoe. Um grande abraço.


Jeandré C. Castelon - advogado e teólogo




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